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sábado, 24 de setembro de 2011

Golpe do falso emprego prometia salários altos

Em São Paulo, a polícia fechou uma empresa de recrutamento que, segundo apurações, pode ter faturado R$ 1 milhão, iludindo candidatos para vagas que não existiam.

O Fantástico quer falar especialmente, com você que está procurando emprego, ou que conhece alguém que está. Muita gente vem usando a internet pra divulgar seu currículo. Mas, se isso não for feito com cautela, pode ser um perigo. Tem golpista que escolhe as vítimas pela rede, oferece vagas falsas e toma dinheiro dos candidatos. Mas emprego mesmo, que é bom, nada. É tudo golpe.

O golpe do emprego dos sonhos. Em São Paulo, a polícia fechou uma empresa de recrutamento que, segundo apurações, pode ter faturado R$ 1 milhão, iludindo candidatos para vagas que não existiam.

Tudo começava com um currículo que eles encontravam na internet. Quais as dicas para não cair em um golpe assim?

Eles viajaram de longe até São Paulo, em busca de trabalho, prontos para uma entrevista de emprego. Mas era tudo golpe!

Repórter: A empresa acabou de ser fechada pela polícia, os funcionários estão presos. Suspeita de golpe.

Vitima: Janete Fernandes, administradora: Não acredito. Eu dei sorte, porque eu poderia chegar aqui, essa empresa estar aberta e eu acreditar.

Repórter: Qual a sensação?

Homem: Sensação de desrespeito, sensação de falta de compromisso com o cidadão, com as pessoas.


A agência de recursos humanos "BR Quality", com sede em São Paulo, atraía gente de todo o país. E foi uma vítima do Pará que denunciou o caso para a polícia.

“A vítima, muito tentada, com a esperança no emprego dos sonhos, vinha até São Paulo e depois descobria que tinha sido enganada”, diz Beatriz da Silveira, delegada.
A polícia civil do Pará investigou a empresa durante três meses. Depois, foi a São Paulo, onde passou dois dias monitorando o entra e sai na agência. Desde cedo, chegavam vários candidatos a emprego. Quando todos os funcionários já estavam na empresa, o cerco foi fechado.

O Fantástico acompanhou a operação das policias do Pará e de São Paulo, que entraram na empresa para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão. A polícia recolheu computadores, documentos.

E encontrou indícios de que os suspeitos vinham agindo havia cinco anos.
“A empresa mudou de nome recentemente três vezes, em virtude das intensas reclamações de vítimas de todo o país”, afirma a delegada.

“Eles usam esse artifício para dificultar a ação da polícia”, diz. O dono da empresa e quatro funcionários foram presos em flagrante, acusados pela polícia de tentativa de estelionato.

Repórter: Vocês já tiveram êxito, já conseguiram vaga, já ajudaram a conseguir vaga para quantas pessoas esse ano?

Luciano Cordeiro, dono da BR Quality: eu não posso precisar, mas fala com meu advogado.

A investigação traz um detalhe importante: o grupo escolhia suas vítimas na internet, em sites onde as pessoas divulgam seus currículos. Depois, telefonava para os candidatos se apresentando como uma agência de Headhunting, caça-talentos. Mas o que eles caçavam, segundo a polícia, eram vítimas.

Consultora Elizandra Simões: confirmei dois clientes de uma vez só. Tem os dois para amanhã.

Gerente financeiro, Peter Gomes: Da hora.

Consultora Elizandra Simões: Bom, né?

Elizandra, que aparece na escuta feita com autorização judicial, foi presa na operação.
Ela convencia as vítimas de que a BR Quality intermediava contratações para grandes empresas, com salários geralmente altos.

No Recife: 
Elizandra: o salário ficou claro para você?
Vítima: eu entendi R$ 22 mil.

Elizandra: R$ 22 mil, mais participação e variáveis, você vai assumir uma diretoria regional.

Em Brasília: 
Elizandra: remuneração em torno de R$ 18 mil. Essa empresa te mandou como única profissional aprovada após a busca de referências já aprovadas sobre você.
Vítima: Nossa, que legal.

Em Boa Vista: 
Elizandra: É uma indústria alimentícia. Teu currículo está avaliado e aprovado por ela. A remuneração é de R$ 8 mil.

Foi a denúncia de uma mulher, de Belém, que desencadeou a operação policial. Ela foi uma das que acreditaram na conversa da consultora.

“De uma forma muito bem articulada, de uma forma bem maliciosa, ela conseguiu me atrair. Ela disse que eu precisava estar lá, que eu era a única candidata, que eu tinha todo o perfil para a vaga, era totalmente atrativo”, contou a vítima de Belém sem se identificar.

A empresa mandou a candidata viajar para São Paulo no dia seguinte, para não perder a oportunidade.

Ela gastou R$ 1,6 mil na passagem de avião. E só quando chegou em São Paulo, soube que deveria assinar um contrato em que pagaria mais R$ 7 mil por um suposto serviço de recolocação. O documento diz que a empresa não garante recolocação. Mas ao pensar em desistir, a vítima foi convencida pela consultora:

“Ela disse: mas como você vai perder essa vaga? Essa vaga é o seu perfil! Eles já estão totalmente interessados em você. É só você”, lembra a vítima.

Depois da entrevista, na BR Quality, a empresa interessada na candidata entraria em contato - o que nunca aconteceu.

“Eu desmoronei. Aquela sensação de você ser um tolo, ser passado para trás, de pessoas que utilizam o momento do desemprego, se aproveitam do momento de fraqueza do ser humano”, lamenta a vítima.

A advogada da BR Quality enviou nota ao Fantástico. Disse que não há "qualquer ilicitude ou lesão" na atividade praticada pela empresa - porque a BR Quality presta recolocação profissional e, pelo contrato, "não garante vaga."

A nota diz ainda que a empresa tomará medidas judiciais contra funcionários que possam ter cometido atitudes ilegais ou mentirosas.

A polícia questionou a consultora Elizandra se as vagas que ela oferecia realmente existiam. Em depoimento, ela disse que "algumas sim".

O dono da agência, Luciano Cordeiro, afirmou que, em dez meses, só teria conseguido vaga para um candidato.

Na internet, há várias reclamações contra a BR Quality.

Só em um site, 60 pessoas disseram ter sido enganadas pelos consultores. E as escutas telefônicas também revelam clientes desconfiados de terem caído em um golpe.

“Elizandra, eu queria lhe lembrar que eu paguei R$ 5 mil para sua empresa, não para fazer avaliação do meu currículo, e sim para esse cargo que você falou. Aqui não tem otário não!”, disse Artur Sales, que mora no Recife, está desempregado e fez até empréstimo para pagar a BR Quality e as despesas de viagem. Total do prejuízo: R$ 6.500.

“O único ressarcimento que estou tendo é a satisfação de saber que eles estão presos. Que esse tipo de golpe não vai ser aplicado mais, pelo menos por eles”, diz ele.

Golpe do emprego é comum e quem põe o currículo na internet tem que tomar cuidado com quem liga interessado em marcar uma entrevista.

Dois especialistas em recursos humanos ouviram as gravações dos consultores da BR Quality. Eles contam o que mais chamou atenção deles: “A consultora fala em o candidato já estar aprovado. Já menciona salário do candidato, sem nem antes conhecê-lo”, diz Pedro Dinkhuysen, gerente de recrutamento.

“Você tem que ter muito cuidado quando alguém chega para você e fala que você já está aprovado apenas por um contato telefônico”, conta.

“Tem custo? Não vai! Não vai porque um processo normal não tem custo. Não tem custo de viagem, não tem custo de teste”, explica Elaine Saad, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos.

Outra dica: cuidado com conversas muito rápidas e discursos que parecem prontos.
“Uma pessoa que está trabalhando uma vaga adequadamente faz perguntas para o candidato, ela tem interesse em saber, pergunta o que ele está procurando”, conta Elaine.

Métodos de trabalho bem diferentes dos que a polícia descobriu nas investidas da BR Quality.

De acordo com as polícias de São Paulo e do Pará, dois dos cinco presos já tinham antecedentes por estelionato e permanecem presos. Outros dois suspeitos conseguiram liberdade provisória.

“Eu acho que a grande lição é que não tem mais espaço para pessoas ingênuas no mundo que a gente vive hoje”, diz a vítima de Belém.

“A esperança é que a gente volte logo para o mercado, até porque a gente precisa pagar o empréstimo. e agora com mais cuidado. Com muito mais cuidado”, destacou a vitima, Artur Sales. 

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