Sartori e a ditadura
ELIO GASPARI
Ao comparar a ação do CNJ com as práticas dos "tempos da ditadura", o novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori, mirou na corregedora Eliana Calmon e acertou o telhado de vidro dos poderosos que não gostam de investigações.
Por mais que o regime militar tenha mutilado o devido processo legal e praticado crimes, seu combate permanente e implacável dava-se contra quem quisesse investigá-lo. (Até hoje, suas viúvas lutam contra a Comissão da Verdade.)
O doutor Sartori pode ir às memórias do procurador Hélio Bicudo, encarregado de investigar a práticas do Esquadrão da Morte. Quando ele chegou aos malfeitos do delegado Sérgio Fleury, o mais conhecido torturador do regime, foi chamado ao gabinete do procurador-geral da Justiça de São Paulo e ouviu o seguinte:
"A impunidade do Dr. Fleury é ponto de honra para a cúpula do governo e das Forças Armadas. O perigo é enorme!"
Bicudo não se atemorizou.
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